"não quero mais da vida do que senti-la perder-se nestas tardes imprevistas, ao som de crianças alheias que brincam nestes jardins engradados pela melancolia das ruas que os cercam, e copados, para além dos ramos altos das árvores, pelo céu velho onde as estrelas recomeçam."
Saturday, November 6
asylum.
viviam-se dias de azuis limpos cobrindo todo o céu, majestoso em todo o seu auge diurno. cianos, celestes, turquesas, marinhos azuis. e a sua dimensão cobria ruas, prédios, cobria cada ínfima milionésima cabeça de seres movidos a cafeína. por igualdade de direito, cobria-me a mim, que sou tão ninguém quanto os que me rodeiam. nem o gelar matinal de um inverno próximo, nem os primeiros raios de sol que me aqueciam as narinas me despertavam os olhos ainda semi-cerrados. percorri meio mundo, cidades, desde olhos rasgados a tez escura, meio-mundo que visitei; meio-mundo que sonhei no meu travesseiro. e nada melhor que sonhar. talvez um dia me decida a não acordar. enquanto que calcava a calçada, o meu pensamento vagueava uns quilómetros mais adiante, onde estaria perdido o meu coração. olhava para as feições cansadas e visões dilatadas de quem me circundava, e não me sentia só. era só mais uma alma presa no dia-a-dia de uma civilização tecnológica. pobres mendigos, enclausurados na pobreza de ser. olhei para o céu: os azuis. não perdeu o brilho e já vou a meio caminho. desejo um abraço que me traga segurança, desejo um beijo que me aqueça o interno, desejo o meu coração de volta.
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