Wednesday, November 17









Não escrevo porque os dedos mo permitem, escrevo por não conseguir parar de escrever. Cada toque, cada sensação, cada pormenor me suscita uma tremenda vontade de escrever. Ou, será isso capricho?
O que sinto, o que não sinto, o que é ou não é. A realidade abstracta que torna as palavras arte.
Escrever. Escrever as saudades do minuto anterior, as saudades do perfume inebriante de uma cidade adormecida, o pôr-do-sol entre os lençóis. Escrever as saudades do antes, que outrora fora depois, que no minuto anterior ainda se considerava durante. Escrever as saudades da noite enquanto é vivido o dia. Saudades, saudades.
Escrever a infância, os caramelos agarrados aos dentes e o sorriso febril de um pequeno corpo mergulhado em futuros diabetes! Escrever a perda da época, a tua perda egoísta. A diferença que faria se não tivesse sido tão doloroso, no mundo em que eu vivo, no mundo em que preciso de ti. A infância perdida à tua custa, a vida perdida à tua custa. Escrever o sentimento que mais nutro, escrever ódio. Não é por norma um sentimento atribuído esse tipo de personagens, mas, já não passas de um figurante, enterrado há anos, literalmente. Escrever pai.
Escrever. Escrever uma ode à sobrevivência humana, ao amor-próprio que rebaixa uns e outros, que é ele a causa da tal sobrevivência. O medo de partir, de deixar o coração por terra e elevar a um R.I.P tão terrificante, tão sem retorno. Escrever a morte. Os sons que se consomem na minha cabeça como um frenesim de, de mil e um zumbidos, confundidos entre a multidão, uma desesperante desordem de pensamentos! Escrever o xanax que me acalma as ânsias, e o ópio que me envenena o cérebro. Escrever tu e eu, a felicidade que inconscientemente me encurta os dias, mas que me prolonga o viver.
Escrever, escrever, eu quero é escrever!

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