Sunday, November 21

Humanidade, ou ninguém?

“Vago pingo trémulo, branqueja pequena ao longe a primeira estrela.”
Caiu a noite na cidade. Não se avistam sinais de qualquer presença humana, senão vultos, sombras que se desvanecem na escuridão de um céu citadino. Vagueio solitário, pela putrefacção do que é urbano, escarrando tabaco e o café do jantar, alucinando com as memórias do minuto anterior: o frágil corpo de um idoso, perdido nas ruas, pedindo esmolas com um pronunciar tão desesperado, tão corroído pelos dias a fio na dura pobreza; os gemidos de uma qualquer megera, a ganhar o dia com sida e pernas abertas; os ruídos, a poluição sonora, os transportes públicos e mais uma vez os vultos. Caminham tão rapidamente, são tão inalcançáveis.

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