Wednesday, August 3

é como ver uma onda a bater na margem. as torrentes negras inundam-me o interior e eu vejo o meu interior obscurecer. ofereci tanta energia e resistência nesse combate que já não me restam forças. vejo ondas negras invadirem-me em cascata. vejo formarem-se pequenos lagos negros. procuro um qualquer lugar para me esconder, mas não existe nenhum. vejo os meus rins, negros. viajo até ao meu estômago, negro. também a minha cabeça está negra. observo as minhas pernas inúteis que me falharam, uns meros paus estupidamente paralisados -, negras. passo para as mãos - sim, ainda assumem a forma de garras, mas negras estão. o meu coração acelerado bombeia-me a negridão ainda mais fundo, para o meu interior, uma negridão conduzida pela mais ínfima célula sanguínea.
até que por fim vejo a minha salvação.

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