Wednesday, June 2

new ice age.

“Eu sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho todos os sonhos do mundo.”
Desde que nasces até que morres, vives serva das sensações exteriores a ti, o eu egoísta, ao qual o maior desejo se resume a fugir. Mas, fugir do quê?
Viver cansa-te; dilacera-te todos os órgãos do teu corpo, extravia-te os raros pensamentos de alguma pouca inteligência que possam surgir, fruto dos neurónios tão queimados; e pulsa, esse apunhado, avermelhado, resistente coração.
Entras nesta aventura de sobrevivência, tentas superar a escumalha citadina, e a paixão já por altura distante; oferecem-te o barco, mas tens que procurar tu o tesouro. Julgas-te fraco, e a viagem é longa, utópica. Estás preso ao passado, anoitecido num espaço onde a solidão impera, e choras. Falas a língua do silêncio porque as palavras não se soltam, e o ar que inspiras é tão … carregado. És um vegetal ao qual a vida se resume à fotossíntese, sem temperos ou pormenores, tudo uma fachada.
Manténs-te viva, à tona da água e esperas que passe. Há-de passar, injecta esperanças e não perguntes o porquê da dor. É efémera tal como o amor livre, como a noite, que aparece mas cedo desaparece.
Tens fé que a felicidade não se desvaneça, gritas aos sete céus e limpas as lágrimas.
Estás louca.

1 comment:

  1. é a loucura a vivência mais pura da forma humana, o atalho mais precipitado para o sonho de imediata realização, a vertigem mais apressada da queda sem rumo; e pela boca do sonho são sorvidos os últimos sorrisos que a victória transpira.

    será a queda infinita para um camião de feno, ou para um poço sem água.

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