Sunday, August 1

“Porque eu não sou só um sonhador, mas sou um sonhador exclusivamente.”

Eram por volta das seis e piques, a hora do nascer do sol num meio hemisfério tão adormecido ainda, quando esticou o seu grande e delgado corpo, por debaixo das mantas pesadas. Era inverno. Não um inverno vulgar, era este ano um inverno áspero, morto, e, por trás das janelas embaciadas só se avistava um manto imenso branco, e umas pequenas ervas daninhas que sobreviviam aos cristais de gelo que se pousavam nas suas folhagens agudas.
Levantou-se a grande custo, e desceu as escadas até à cozinha. Apercebeu-se de que estava sozinho. O que a primeiro havia sido um choque, foi aos poucos transformando-se em recordação. Sempre vivera sozinho, naquela pequena cabana de madeira, mas a cada dia passado era mais difícil aceitar a solidão como sua companhia eterna.
Desolava-o.
Volveu os olhos para a pequena janela quadrada, limpou para que pudesse bem apreciar a névoa que realçava os contornos daqueles pinheiros gigantes e elegantes, os pequenos esquilos que saltitavam e corriam apressados com pequenas nozes na boca, e no horizonte as montanhas, assustadoramente possantes e que tornavam a paisagem morta num sonho.
Apressou-se a saborear o café que tanto lhe aquecia os pulmões, calçou as botas, e foi para a natureza. Na mochila trazia um termo com mais daquele maná, alguns mantimentos, uma navalha, e um maço de cigarros.

To be continued.

1 comment:

  1. Digas o que disseres, Sónia Moura, tiro-te o chapéu pela forma como escreves, que é bastante boa.

    ReplyDelete