Saturday, November 27












olhavas-me num segundo aparte do tic tac real e do zum zum barulhento do que rodeava. olhavas-me ternurosamente, num segundo incontável, num instante que era uma eternidade, e uma eternidade tão prazerosa que ansiava nunca terminar. olhavas-me com aqueles castanhos gigantes olhos, aqueles olhos que me penetram o pensamento e me trespassam o coração. os olhos que me paralisam, que me apagam a consciência, que me contemplam. o único olhar que me faz e fará sentir alguém, o que me apaixonou. nem os restantes vultos, amizades construídas, destruídas e reconstruídas novamente que nem legos, nem as suas vozes, os seus toques, os seus apelos nos perturbavam no nosso pequeno infinito segundo. era o momento de te sentir nos meus braços, ou de me sentir nos teus braços, de sentir um leve toque: os teus macios lábios. lábios de cetim, de veludo, qual quê. lábios rosados, suaves e masculinos; possessivos mas delicados. os lábios que são dia-a-dia, rotina nos meus, e não poderia estar mais apaixonada por tal rotina.
até que fôssemos interrompidos, ainda teria tempo de te passar as mãos pelo cabelo, de o misturar no meu. as tonalidades remexidas, castanho no castanho, fio a fio. os meus dedos entrelaçados nesse emaranhado de, nham nham, esparguete de chocolate! eras o meu boneco de gêngibre, e eu a tua dama das camélias. num segundo, tão curto que ainda dava tempo para percorrer o teu moreno corpo de beijos, lambidelas e toques corporais. de te acariciar, de te amar em gestos. um segundo que foram minutos, horas, dias, semanas e meses, e que virão a ser anos, muitos anos.
a vida que temos pela frente.

1 comment:

  1. Obrigada pelo texto, por todos os desabafos e conselhos!
    Gosto de ti, soninies.
    Felicidades!

    ReplyDelete